Seminário “O impacto das moratórias da soja e da carne nas desigualdades regionais” abordou os impactos econômicos das moratórias no estado.
Cuiabá sediou nesta terça-feira (28) o Seminário “O impacto das moratórias da soja e da carne nas desigualdades regionais”, que reuniu mais de mil participantes, incluindo deputados federais, senadores, representantes de prefeituras, câmaras de vereadores e do setor produtivo. O evento, organizado pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), abordou os impactos das moratórias para a economia do estado.
A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT), coordenadora da bancada federal no Congresso Nacional e do Grupo de Trabalho (GT) que trata da moratória da soja na Câmara dos Deputados, destacou a preocupação dos produtores com as moratórias da soja e da carne, em vigor desde 2006, e que agora ameaçam acelerar de forma prejudicial para outros biomas, além da Amazônia Legal e, especialmente, para Mato Grosso, afetando diretamente 100 municípios e indiretamente outros 42.
“A moratória nos causa uma preocupação imensa. As pessoas só olham para 2024, mas ela vem andando a passos de tartaruga desde 2006 e agora quer correr como uma lebre, prejudicando a Amazônia Legal e, em especial, Mato Grosso”, afirmou a deputada. Ela também enfatizou a necessidade de união entre os diversos setores afetados pelas moratórias e outras pautas de interesse das ONGs, como a demarcação de áreas indígenas.
“Nós atuamos com a mesma unidade, enquanto um fala aqui em Cuiabá, outro fala em Brasília, seja deputado federal ou senador, porque nosso objetivo comum é proteger Mato Grosso”, declarou.
Durante o evento, a deputada anunciou medidas para enfrentar as moratórias, incluindo a convocação do ministro da Agricultura para uma audiência na Câmara dos Deputados no dia 12 de julho, bem como representantes das ONGs, ABIOVE e ANEC e de empresas do setor.
Nesse sentido, a deputada Coronel Fernanda fez um apelo para que os produtores rurais se unam e participem de uma marcha em Brasília no dia 12 de julho. “Precisamos mostrar que somos a maioria. Não vai bastar a bancada federal de Mato Grosso e o Tribunal de Contas se todos vocês não estiverem juntos conosco. Precisamos de vocês”, concluiu.
Avanços nas negociações do GT na Câmara
Ela também mencionou avanços nas negociações do Grupo de Trabalho na Câmara dos Deputados com os representantes das indústrias de óleos vegetais, como a abertura de espaço pela ABIOVE para um possível acordo de curto prazo com os produtores e a inclusão de mais representantes do legislativo e dos produtores no Grupo de Trabalho da Moratória da Soja com o mercado europeu.
“Na última audiência que tivemos com a Aprosoja, a ABIOVE, que antes não negociava e não aceitava nada, já abriu espaço para um possível acordo de curto prazo com os produtores”, disse Coronel Fernanda.
“Atualmente, o Grupo de Trabalho que trata da Moratória da Soja com o mercado europeu conta com 10 participantes: cinco da ABIOVE e ANEC e cinco das ONGs. Onde estão os representantes dos produtores e do legislativo?” questionou.
“Nós conseguimos que abrissem mais 10 vagas, sendo cinco para o legislativo e cinco para os produtores, para que possam se defender nas reuniões de trabalho”, destacou a deputada.
A deputada Coronel Fernanda também destacou que os representantes das indústrias de óleos vegetais aceitaram a sugestão do setor e vão começar a bloquear apenas as áreas dentro dos polígonos. “Se você é proprietário de 100 hectares, por exemplo, e 10% estão dentro do bioma Amazônia e foram desmatados depois de 2006, apenas esses 10% serão bloqueados, enquanto os 90% restantes serão liberados para compra.”
A deputada reafirmou ainda a importância de atualizar a lista de produtores afetados com as moratórias da soja e da carne. “Em Mato Grosso, temos mais de 400 processos aguardando decisão, e os produtores estão sendo prejudicados devido à falta de pessoal para atualizar essa lista. Exigimos que a lista seja atualizada para que ninguém seja prejudicado até o fim da moratória, pois esse é o objetivo final: o fim da moratória,” concluiu.
O encontro foi realizado em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT), Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Fórum Agro MT.
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